sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O Sentido da vida

Há duas semanas atrás a minha mulher enviou-me um link do YouTube cujo titulo era "o sentido da vida". Trata-se de um vídeo de uma palestra de Manuel Forjaz.

Estuda filho, estuda. Tem boas notas. Arranja um bom emprego. Ganha dinheiro. Sê promovido, sê reconhecido. Casa e tem filhos. Aos 40 anos ganhas 5.000 euros por mês, tens uma casa de 300 metros quadrados e um BMW. Estamos gordos e saciados... vivemos anestesiados na mimetização de rotinas, aquisições, comportamentos, preferimos não pensar, não escolher, o cérebro transformou-se num puré preguiçoso... temos todos tudo, telemóvel último modelo e i-pod, pc e net wireless, carro próprio e férias na neve, Mcdonalds e futebol... deixámos de pensar, e sobretudo pensar-nos! Criamos falsos mitos de necessidade e segurança que nos empurram no mesmo caminho... como se a casa não pudesse ter menos 50m2, como se precisássemos mesmo ir de carro do Rato ao Chiado, como se os filhos morressem por estudar no Pedro Nunes em vez do S. Tomás, e esquecemo-nos do que é viver... nove em cada dez concorrentes de programas de televisão, quando lhes perguntam o que vão fazer com o dinheiro que ganharam respondem que querem viajar. É curioso porque nesta magnifica diversidade de seres humanos devemos todos querer coisas diferentes. E não queremos. E não temos porque estamos todos formatados a pensar da mesma maneira e a querer todos as mesmas coisas. Raramente nós pensamos num sentido para a nossa vida e em algo que nos faça felizes. Aos 40 anos queremos todos as mesmas coisas porque vivemos na dependência de vários mitos. Olhamos para a frente e encaramos mais 30 anos a viver da mesma maneira. Nunca pensamos nos custos do sucesso. Um deles é a falta de tempo. Não somos donos do nosso tempo. O primeiro passo para percebermos qual é o sentido da vida é sermos honestos connosco e descobrirmos o que nos faz realmente felizes. Mas, a não ser para os pobres do espírito não há felicidade sem liberdade; e não há liberdade sem escolha; e para escolher precisamos de alternativas; e para elencarmos alternativas precisamos sempre de aprender;

Bem sei que se trata de uma acção de motivação para colaboradores de uma empresa. A mensagem subliminar da comunicação é no fundo a coragem para aceitarmos a mudança. De qualquer maneira o vídeo fez-me reflectir e pensar em como de facto é difícil pensar out of the box. Também eu me revi em algumas daquelas frases que constituem a ideia de sucesso de muitos de nós. Para pensar fora do formato, é preciso uma de duas coisas: ou uma coragem e lucidez fora do comum, ou um acontecimento que nos faça pensar naquilo que é realmente importante. Não conheço muitos casos de pessoas com a coragem e lucidez necessária, que trocaram o acessório por aquilo que de facto as torna felizes. Conheço relatos de navegadores solitários, de gente que é voluntária em África, de gente que para eles o mais importante é viajar de mochila ás costas e conhecer o mundo. O mais consistente para mim é o Tony, o quatro olhos para os amigos. Tirou gestão hoteleira como eu. Desde logo disse que o curso não lhe serviria para muito. A sua paixão era a fotografia. Organizava passeios connosco, sendo necessário acordar muito cedo. Ele justificava-se perante os nossos protestos dizendo que o dia tinha uma beleza especial pela manhã. Era capaz de estar 10 minutos a fotografar uma simples flor. Era o primeiro a captar aquilo que é simples e verdadeiramente belo. Nós ali ao lado, não víamos mesmo que as coisas nos entrassem pelos olhos. Hoje é  um renomado fotografo profissional. Trocou o Porto por Bragança, onde vive e é feliz. Ensinou-me muito.
A outra maneira de pensar out of the box é levar um murro no estômago. Ai começamos a valorizar coisas  que até então nos passavam ao lado. A vida ganha um novo sentido.

6 comentários:

  1. Olá Henrique!!

    Entendo-te perfeitamente...!
    Nós construimos a nossa própria felicidade!
    És um ser humano fantástico!Tens uma força inacreditável e és um exemplo para todos aqueles que, na vida, dão valor ao que não é valorizável!
    Tenho um amigo, o João Quadros, que tirou o curso de Gestão. Era super frustrado, a trabalhar naquilo que não gostava.Um dia, teve a coragem de abandonar uma reunião a meio e enviar uma carta de despedimento! Hoje,faz o que mais gosta que é escrever com um humor único! Criou as produções Ficticias e é Feliz...
    Um abraço gigante do tamanho do Universo! Sandra Monteiro

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  2. pois é, Henrique; vivemos hipnotizados por um mundo externo que nos é imposto desde muito cedo. Por isso todos os Mestres nos dizem :DESPERTEM!!! WAKE UP!! ouve o teu coração, a tua intuição, sai da ilusão, foca-te no AQUI E AGORA; É necessário CLAREZA para estabelecer as Prioridades, aquelas que são Reais e têm que ver com o preenchimento do nosso Coração.
    BEM HAJAS POR FOCAR ESTE ASSUNTO.
    AMO-TE MUITO.
    Teresa prima

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  3. Querido Henrique,
    parabéns pelo texto!
    Você escreveu sobre um tema que normalmente não nos detemos, uma vez que,a busca pelo ter não deixa tempo.Você foi muito sábio ao escolher este tema, afinal, precisamos simplesmente viver a vida e apenas ser!
    Receba meu fraterno abraço aqui dos ares brasileiros.(não é diferente daí!)
    Com carinho,
    Vania

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  4. Querido Henrique
    Como disse a tua prima Teresa, dificilmente nós nos quedamos para ouvir o que Mestres e sábios nos vêm dizendo: Pára! Escuta o teu coração! ou mesmo Escuta o teu corpo!Não se invertam os valores e prioridades!
    Mas são pregadores no deserto...
    O TAL murro no estômago, de que falas, ainda bem que eu o apanhei, 10 anos antes de ser diagnosticada com ELA!! Realmente, foi tal o murro que, quando a nossa "fiel companheira" ELA chegou...eu ja tinha tido 10 anos, para aprender que somos seres ilimitados e basta-nos VIVER E SER como diz a Vânia!
    Por isso sou tão GRATA ao Universo, a Deus, porque me deu tempo a ter um arcaboiço espantoso,para defrontar o nosso diagnóstico!
    GRATA A TI TAMBEM! porque escreves exactamente o que tem que vir desbloquear e dar a meditar, na nossa VIDA! MUITO GRATA!
    MARIA JOSÉ DIAS

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  5. A vida não se resume a uma teoria...
    Tenho a certeza que a maior parte de nós, vive diferentes graus de angústia, por ter medo de Viver. Estamos, muitos de nós, sempre à espera que chegue o tal acontecimento que nos obrigue a mudar de vida. Falta-nos coragem.
    As manhãs sem flores, os afetos que não nos tocam, os colegas inumanos, os minutos que passam para sempre, o televisor no seu papaguear diário e nós sem a coragem para dar o derradeiro passo.
    O dia há de chegar, em que realizamos que o mundo não está lá fora, mas dentro de cada um de nós.
    Obrigada Henrique pela ajuda que me dás!
    Um beijo muito grande,
    Natália F.

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  6. Querido priminho pois eras ainda muito novo quando convivi diáriamente contigo e com a tua e minha Família.Foste um Heroi e quando digo foste foi porque infelizmente já partiste.Se nos poderes ver onde estás, podes crer que serás sempre recordado com todo o AMOR.Rosarinho ,Diogo,Gonçalo

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