segunda-feira, 25 de julho de 2011

Locomotiva

Se um desgraçado tiver o azar de ser atropelado numa passadeira e lhe for amputada uma perna, passa a ser um perneta, vulgo um deficiente motor. Em surdina comenta-se a pouca sorte do pobre diabo. Se na semana seguinte, este mesmo pouco afortunado ser, ganhar o euromilhões, deixa de ser um perneta para passar a ser um milionário. Aqui neste caso a deficiencia fisica concorre para a valorização do individuo. Entre paredes pensa-se, e às vezes não se diz, a sorte que aquele tipo teve. O gajo é deficiente, mas é rico como um Sultão das Arábias. O feito causa admiração. Também o gande fisico Inglês Stephen Hawking é mais conhecido por ser o mais brilhante cerebro a seguir a Albert Einstein do que por ter ELA. Concordo que a qualidade das nossas vidas deva ser medida pelas coisas boas que nos acontecem, e não pelas coisas más. Aquilo que valorizamos como positivo, serve de locomotiva que puxa todo um conjunto de carruagens. Quando nos acontece algo de menos bom, não há razão para a locomotiva deixar de fazer o seu trabalho e continuar a puxar as carruagens. Mesmo que haja avarias na engrenagem, estas podem e devem continuar a ser puxadas. Hawking é um bom exemplo disto. Nascido em 1942 cedo veio a descobrir que tinha ELA.
Entrou, em 1959, na University College, Oxford, onde pretendia estudar matemática. Como não pôde, por não estar disponível em tal universidade, optou então por física, formando-se três anos depois. Obteve a graduação de doutorado na Trinity Hall em Cambridge no ano de 1966, onde é atualmente um membro honorário. Nesta época foi diagnosticada em Stephen W. Hawking a doença. Depois de obter doutoramento, passou a ser investigador e, mais tarde, professor nos Colégios Maiores de Gonville e Caius. Depois de abandonar o Instituto de Astronomia em 1973, Stephen entrou para o Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica tendo, entre 1979 e 2009, ano em que atingiu a idade limite para o cargo, ocupado o posto de professor lucasiano de Matemática, cátedra que fora de Newton, sendo atualmente professor lucasiano emérito da Universidade de Cambridge.
 
Casou-se pela primeira vez em Julho de 1965 com Jane Wilde, separando-se em 1991. Seu segundo casamento realizou-se com sua enfermeira - Elaine Mason - em 16 de Setembro de 1995. Hawking continua combinando a vida em família (seus três filhos e um neto) e sua investigação em física teórica junto com um extenso programa de viagens e conferências.

A doença foi detectada quando tinha 21 anos. Em 1985 teve que submeter-se a uma traqueostomia em decorrência do agravamento da ELA após ter contraído pneumonia e, desde então, utiliza um sintetizador de voz para se comunicar. Gradualmente, foi perdendo o movimento dos seus braços e pernas, assim como do resto da musculatura voluntária, incluindo a força para manter a cabeça erguida, de modo que sua mobilidade é praticamente nula. Foi nomeado pelo papa João Paulo II membro da Pontifícia Academia das Ciençias. Em 1993, participou de episódio da série Star Trek - A Nova Geração em cena em que é um holograma, conjuntamente com Newton e Einstein, jogando cartas com o personagem Data.
Em 1994, participou da gravação do disco do Pink Floyd, The Division Bell, fazendo a voz digital em "Keep Talking". Fez algumas participações em Os Simpsons, Futurama, O Laboratório de Dexter, Os Padrinhos Mágicos, no cartoon Dilbert e em Superhero Movie. Recentemente fez uma participação numa propaganda do Discovery Channel chamada Eu amo o Mundo, onde ele disse "Boom De Ya Da". A locomotiva nunca deixou de puxar.

Fonte Wikipedia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Stephen_Hawking

terça-feira, 12 de julho de 2011

A Taça Onyria Golf Solidário

Foi já há algum tempo que pensei em propor a organização de um torneio de golfe com a receita a favor da APELA. Quando falei da ideia ao João Pinto Coelho, esta foi aceite de imediato. Aliás, sem a generosidade e a colaboração do Grupo Onyria, não era possível realizar este projecto. Foi-nos cedido o campo de golfe, e melhor que tudo a capacidade organizativa do Grupo em todas as vertentes: jogo, relação com sponsors, imagem, comunicação. É o que se chama abrir as portas à solidariedade, neste caso para com a APELA, que é uma causa que me diz muito.

 Apesar de ter todas as condições  para o sucesso a escassos dias do torneio, ainda não sei se vou conseguir atingir os objectivos que tinha delineado. Isto deve-se sobretudo à crise. Quando se pede um patrocínio financeiro às empresas, a resposta é quase sempre um não. Eu bati a muitas portas. E bati a portas grandes. Fiquei a saber que a CGD, a Galp, a PT, a Vodafone , a Sonae e a Siemens estão muito pior do que a Agência Moody's diz. Também imagino que não possam responder afirmativamente a todos os pedidos que devem ser imensos. Não faz mal. A Taça Onyria Golf Solidário faz-se na mesma e vai ser um sucesso. A Mercedes Benz Comercial disse presente, tal como a Molaflex, a Nevada Bob's a Unique Spa, a Impresa, a Prime Drinks, a Pernod Ricard, a Spal, a Aluga Aqui, a Interutil, a Anditec, a Saint Gâteau Chocolatier e a Nextiraone. Para estes o meu muito obrigado pela solidariedade. Nem todos contribuíram financeiramente mas ao contribuírem com ofertas estão a ajudar a organização da mesma maneira. Não é fácil organizar um torneio nessa altura. Muitos rumam ao sul e não estão disponíveis para vir jogar ou para participar no almoço. Alguns apesar de não poderem estar presentes já me transmitiram o seu apoio e a vontade de contribuir para a APELA. Bem hajam pela vossa generosidade!

Neste contexto da minha vida, já decidi que me vou dedicar inteiramente a 3 coisas: obviamente à família, a ajudar em tudo o que puder no projecto de Palmares, e a colaborar com a APELA em tudo o que for possível. Para fazer estas 3 coisas bem, não me deve sobrar muito tempo para me entregar ao sofá e à televisão, inimigos perversos  de qualquer pessoa com mobilidade reduzida. Já agora, acrescento à lista continuar a partilhar o que me vai na alma, aqui neste cantinho chamado blog.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O cão de Pavlov

Ivan Pavlov, prémio Nobel da medicina em 1904, ficou conhecido por uma experiência que teria grande influencia no desenvolvimento da psicologia comportamental. Pavlov reparou que o seu cão salivava antes de comer. Começou então a associar estímulos sempre que alimentava o seu cão. Ao tocar uma campainha, ou pôr uma determinada musica sempre que alimentava o cachorro, verificou que o animal salivava mesmo antes de visualizar os alimentos. A produção de um estimulo, condicionava um reflexo por parte do animal. A vontade de comer, ou perceber que seria alimentado de imediato, provocava a mesma reacção que tinha perante a comida.

Também os doentes com ELA salivam muito. Dizem os médicos que a dificuldade na deglutição provoca um aumento da saliva na boca. Também o relaxamento dos músculos da face origina a perda de saliva pelos cantos da boca. O que não se sabe ainda, e Pavlov já não está cá para nos testar, é porque salivam tanto os doentes que sofrem desta patologia. Na minha opinião, tal como no cão de Pavlov, estes reagem a estímulos. A família os amigos, a natureza, o sol, a chuva, o ar que respiram, são estímulos que os fazem querer viver. Está desvendado o mistério. Os ELAS salivam pela vida. Esse é o seu grande estimulo.

No caso do canideo é fácil perceber que este era uma cobaia do cientista. Em nome do progresso da ciência utilizou-se o cachorro e chegou-se a conclusões importantes. Este, espertalhão fazia a vontade ao dono e deixava-se salivar. «Toma lá, porque o que eu quero é comer», pensava o cão. No caso dos ELAS, já cheguei à conclusão que reagimos aos estímulos e que salivamos não pela comida, mas pela vida. Só não tenho a certeza de quem é que somos cobaias. Atendendo à dimensão da coisa, só posso admitir que somos cobaias do Criador. Será que o Universo se uniu para nos tramar? A que conclusão quer o Criador chegar ao utilizarnos como parte da sua experiência? A resposta a esta pergunta não é óbvia. Decidi raciocinar por tentativas e encontrar uma resposta que me parecesse a mais lógica. Então, a primeira que me veio à cabeça foi sermos cobaias porque o Criador é poderoso. Reflecti um pouco e rejeitei esta hipotese de imedato. O Criador não precisa de demonstrar o seu poder desta maneira. Como segunda hipotese pensei no livre arbitrio. Ele não se mete nisto, e tal como no euromilhões, calha a quem calhar. Parece-me muito lógica mas injusta. Lá no fundo da minha cabeça estava guarda aquela que me agrada mais. Mostrar aos demais a importância da vida. Agora que ela anda tão mal defendida na legislação, e tão pouco respeitada no dia a dia da cidades e dos conflitos entre países. Olhem para nós! Estamos aqui a sofrer mas mesmo assim queremos aproveitar esta dádiva do Criador. Como ousam vós desperdiçar a vida? Se for para demonstrar isto, pelo progresso, não da ciência como no cão de Pavlov, mas do valor da vida e do Homem, valeu a pena ser cobaia do Criador.