terça-feira, 25 de outubro de 2011

ELAS ou Nós

Ao lançar um olhar mais atento sobre o nosso pais, conclui que Portugal está doente. Não sei o nome da doença que afecta este cantinho da Península Ibérica, mas encontro muitas semelhanças com a Esclerose Lateral Amiotrofica. Um doente com ELA depende da ajuda de terceiros para sobreviver. Portugal também. Um doente com ELA vai assistindo à evolução da sua doença até ficar paralisado. Portugal está paralisado e, nos últimos anos, temos assistido à sua gradual tetraparesia. A economia parou, os bancos não tem dinheiro nem meios onde obter financiamento e temos que controlar o défice das contas públicas e, ao mesmo tempo, fazer crescer a economia para podermos pagar as nossas dividas ao exterior, o que é extremamente difícil. Um doente com ELA depende do ventilador para respirar. Portugal depende da Troika para poder comer, pagar salários e outros compromissos do Estado.

Não há cura para a ELA. Muitos economistas já se pronunciaram sobre a crise, dizendo que não há uma fórmula mágica para se sair dela. O difícil da equação é saber como é que se combinam as variáveis austeridade e crescimento económico. Numa coisa parece que a ELA tem vantagem. A ELA não é contagiosa. A crise é altamente contagiosa. Portugal, Grécia e a Irlanda já estão doentes. Espanha, França, Itália e Bélgica, podem ser os senhores que se seguem. Tal como o doente com ELA pergunta, que fiz eu para merecer isto, também Portugal se interroga hoje como foi possível chegar até aqui. Sobre a doença há muitas teorias em estudo, não se conhecendo bem a causa que a provoca. Sobre o nosso Pais já não é bem assim: em 2000 devíamos 66.175,5 milhões de euros e em 2010 a nossa divida é de 151.774,6 milhões de euros. Em 2000 devíamos apenas 52% do nosso PIB, sendo que actualmente a divida representa 90% do produto interno bruto. Cada Português devia ao estrangeiro em 2000, cerca de 6.500.0 euros enquanto agora devemos cerca de 15.000.0 euros. A factura é pesada. Cá em casa somos 5, e os meus filhos que ainda não trabalham já devem 15.000.0 euros cada um. Isto significa que nos últimos 11 anos Portugal passou de um Pais com um endividamento perfeitamente razoável para um Pais completamente falido e com um futuro hipotecado. Assistimos a isto impavida e serenamente. Aonde estavam os indignados? Só me lembro de ouvir três vozes a avisarem o que podia acontecer: Manuela Ferreira Leite, Medina Carreira e o Presidente do Tribunal de Contas. Acrescento também o Miguel Sousa Tavares que em algumas cronicas denunciou a  situação. A imprensa ajudou a esconder. Não sei se por ignorancia ou por conveniencia. E nós fomos assobiando para o lado... Deixando construir autoestradas que não são necessárias, rotundas nas cidades do interior que não servem para nada e alimentando o festim das Parcerias Público ou Privadas. Não acredito que a partir de 2015 seja possivel pagar subsídio de férias e subsidio de Natal uma vez que os encargos dos negócios ruinosos nas estradas de Portugal serão de três mil milhões de euros por ano. Até 2030. Alguém devia estar preso. Não sei quem está mais doente: os ELAS ou nós.

2 comentários:

  1. gosto muito deste post!!! é mesmo para dizer que Portugal sofre de ELA!!terrivel prognóstico...
    Parabéns querido Henrique por não desistires de lutar!
    beijos
    teresa, prima

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  2. Exelente texto amigo abraços ... parabéns

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